Traumas no Aparelho Locomotor: Primeiros Socorros
Introdução
O corpo humano possui 206 ossos e uma quantidade muito maior de músculos. Os ossos unem-se uns aos outros para formar o que chamamos de articulações. Esses são os órgãos do aparelho locomotor humano. Esses órgãos, trabalhando em conjunto, e guiados pelo extraordinário cérebro humano, conseguem fazer todos os movimentos que nosso corpo consegue. Desde o simples ato de andar até os movimentos acrobáticos de um ginasta.
Mas tanto atletas profissionais – cujo material primário de seu trabalho é seu próprio corpo – como pessoas comuns estão sujeitos a sofrerem algum acidente, algum trauma, neste complexo sistema.
Este trabalho específico vai falar um pouco de alguns acidentes que ocorrem no dia a dia, que são chamados no meio médico de traumas no aparelho locomotor. O senso comum diz muitas coisas erradas sobre como abordar uma pessoa, vítima de um acidente desses. Muitos desses dizeres populares estão errados. O que fazer, então? Continue a leitura que vamos tentar responder a esta e a outras perguntas.
1. Traumas no Aparelho Locomotor
Como o próprio nome já diz, são acidentes envolvendo contusões, pancadas ou torções, nos órgãos do aparelho locomotor. Os principais traumas, que serão tratados neste documento são: as contusões, as luxações e as fraturas.
1. 1. Contusões
São lesões superficiais decorrente de trauma (uma pancada), com pele íntegra (não há ferida). Podem ser leves e graves. Normalmente há uma certa dor no local da pancada. Não é incomum que a região específica deixe, pelo menos em parte, de funcionar. Por exemplo, uma pancada forte no braço, acima do cotovelo. É comum que, pelo menos por um período, a vítima não consiga movimentar normalmente o braço.
Também aparece um hematoma no local, que normalmente fica arroxeado.
Os Primeiros Socorros para esse tipo de trauma são simples. Repouso e gelo no local.
1. 2. Luxação
É o resultado de movimentos bruscos que a articulação realiza acima do normal, causando uma separação dos ossos que fazem parte dessa articulação. Por exemplo: em um jogo de futebol em jogador pisa em falso em um buraco no gramado. O tornozelo vira para fora. O jogador cai com uma dor muito grande. Ele não consegue movimentar esse pé. Ele sofreu uma luxação.
Normalmente, esse tipo de trauma ocorre nos membros superiores e inferiores, mas também pode ocorrer em outras articulações, como na mandíbula, por exemplo.
1. 3. Fraturas
É a quebra de um osso. O jogador do exemplo acima poderia também ter fraturado algum osso do pé, dependendo de como ele pó torceu. Mas normalmente uma fratura ocorre em decorrência de uma pancada. Um objeto pesado que cai no pé, uma bola que bate na ponta do dedo da mão, um acidente automobilístico, etc.
Quando alguém quebra um osso, ou, na linguagem médica, sofre uma fratura, para a vítima ou qualquer pessoa próxima não é difícil identificar. A dor será muito grande. A vítima não conseguirá mover o local atingido. Uma cor roxa vai aparecer na pela bem no local do impacto. E muito provavelmente o local estará deformado (dependendo do impacto).
As fraturas podem ser internas e expostas. Internas são aquelas onde osso quebra, mas permanece no corpo. As expostas são aquelas onde o impacto foi tão violento que o osso rasgou a pele e saiu do corpo. Naturalmente, esta última requer mais atenção, pois os riscos são bem maiores, principalmente os de uma infecção.
2. Primeiros Socorros
Quando foram descritas a luxação e a fratura não se comentou sobre os Primeiros Socorros. Isso porque os procedimentos de urgência que se fazem são muito parecidos, mudando um pouco somente no caso de fraturas expostas.
Primeiramente, é preciso pôr na cabeça uma coisa: quem sabe recolocar osso no lugar ou consertar uma fratura é médico. Se você ou qualquer pessoa tentar recolocar uma articulação no lugar, ou “puxar” alguma coisa para ajudar, acredite, vai piorar. Em outras palavras, nunca tente recolocar um osso quebrado ou uma articulação deslocada no lugar.
Então, o que fazer? Uma coisa simples e uma um pouco complicada. A simples: levar ao hospital. A complicada: imobilizar o local machucado.
Como assim? Vou dar dois exemplos. Primeiro, um outro jogador de futebol. Ele levou um carrinho desleal no meio de campo que atingiu sua canela. Ele cai na hora gritando de dor. Você se aproxima e vê que a canela dele, que deve ser reta, está muito torta. Você vê logo que ele teve a perna quebrada. Daí você lembra que deve levá-lo ao hospital. Junto com os amigos, pegam o colega pelos braços e o tiram de campo. Ele, pulando num pé só que nem um saci, sem encostar o machucado no chão.
Vocês o retiram de campo, e o levam até o carro de um amigo seu, que está estacionado a uns 20 metros. Parece que fizeram certo? Vamos analisar, então. Esse jogador pulou esses 20 metros, mais toda a distância até o meio de campo, onde ele se machucou. Supondo que o osso quebrou a ponto de você ver a perna torta, mesmo que a fratura não tenha sido exposta, lá dentro, as pontas quebradas estão rasgando tudo que estão tocando. Ainda mais com o rapaz pulando.
Segundo exemplo: um rapaz é atropelado e está deitado no chão. Ele está vivo, está falando, mas reclama de uma dor muito forte nas costas. Dor essa que não deixa nem ele se mexer direito. Você chama três amigos. Você segura uma mão dele, outro segura a outra mão e os outros dois seguram cada um uma perna. Vocês o levantam dessa forma para colocá-lo em um carro.
Bem, se esse rapaz sofreu alguma fratura na coluna, ele corre o risco dessa fratura machucar sua medula, deixando paralítico para o resto da vida. Se o acidente não fez isso, essa maneira de transportar com certeza o fará.
Qual o segredo, então? O que deve ser feito para transportar uma pessoa vítima de um acidente desses para o hospital? Imobilizar a parte machucada.
Arranjar um material simples que permita que aquela parte do corpo não mexa muito durante o transporte.
Por exemplo, um pedaço de papelão vindo de uma tampa de uma caixa com uma camisa podem fazer uma tipóia. Um cabo de vassoura colocado do lado do corpo e amarrado com camisas ou cadarços de sapato podem imobilizar um joelho. O tampo de uma mesa ou uma porta velha podem servir para transportar uma pessoa que machucou a coluna. Até uma telha, colocada na batata da perna, amarrada e segura cuidadosamente por um socorrista, serve para imobilizar uma perna quebrada.
Naturalmente essa imobilização torna-se simples em acidentes pequenos e mais complicada em acidentes maiores. Se você está jogando vôlei e a bola bate na ponta de seu dedo, que quebra na hora, basta andar e colocar sua mão machucada sobre a outra mão, encostando no peito. Mas, se você deslocou o ombro ao fazer um movimento brusco, é interessante conseguir pelo menos algum pano que possa ser usado como tipóia.
No caso de uma fratura exposta, NUNCA tentar recolocar o osso para dentro. A imobilização deve ser feita tomando o cuidado de não piorar a ferida. Não pôr nenhum remédio, nem dar água ou comida (a vítima pode passar logo por uma cirurgia e precisa estar em jejum). Basta encaminhar ao hospital que o médico vai resolver.
3. Conclusão
A atitude simples de imobilizar um membro ou a parte do corpo vítima de Traumas no Aparelho Locomotor facilita o trabalho do médico e diminui o tempo de recuperação de uma vítima desse tipo de acidente. Quem já passou por um acidente desses sabe que a dor e o incômodo da recuperação são exaustivos e bastante inconvenientes. Para a vítima e para a família. Quem está com uma perna no gesso, por exemplo, tem dificuldade para se deslocar, se vestir, ir ao banheiro. Quanto menos tempo essa pessoa passar nessas condições melhor. E quando você é o responsável por ajudar neste alívio, você também se sentirá recompensado.
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